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segunda-feira, 30 de maio de 2011

A Estranha Fala da Arte

  Anita Koneski através de seu texto propõe uma reflexão a partir de um outro ângulo, que “pense a arte-educação por caminhos diversos” em função da “crise” de interpretação, que vivemos na contemporaneidade. Trata-se de uma provocação: fazer com que o arte-educador pense de um modo diferente, levando em conta a vocação da arte contemporânea para o estranhamento. As questões levantadas pela autora são extremamente desafiadoras, e penso que não tenhamos as respostas:



“(...)Como fica a Arte-Educação mediante as propostas de Blanchot, Levinas e tantos outros teóricos que nos cercam hoje com suas teorias semelhantes, a respeito da arte contemporânea? Ou como falar para nossos alunos, ou ensinar arte a partir de uma arte que se posiciona com vocação para o estranhamento, conforme atestam Levinas e Blanchot? Ou, ainda, como ler um objeto de arte que sufoca enquanto é presença de algo que nos parece um absolutamente outro em nosso meio, quando sempre demos a ele a função de contribuir para nossa existência?”(KONESKI)

Essas perguntas se justificam a partir do entendimento de que a forma tradicional de ler arte tornou-se obsoleta e já não faz sentido diante da complexidade da arte contemporânea. Além disso, estamos diante de um aluno que também não é mais o mesmo e que está muito mais conectado com a arte contemporânea, a mídia, as Bienais, a arte nas ruas, do que com a da arte do passado.

Os fundamentos em que se baseavam o entendimento do que é ou não arte já não se aplicam. A própria noção de contemplação já não nos serve mais. Nas palavras da autora, “(...) há um momento em que parece não ser mais possível pensar a arte como antes, seja como pensamento moderno” ou do passado clássico”.

A autora ainda aborda a questão da arte contemporânea se de difícil compreensão:

“Como pensar uma arte em que tudo o que nos constrange é a sensação de que estamos diante de um objeto que não tem, aparentemente, absolutamente nada a ver com a nossa existência, pois não mais parece definir um mundo histórico? Como falar desse objeto aos nossos alunos, quando se trata de falar de contemplação da obra de arte? Será que a contemplação nos moldes tradicionais serve a essa arte? Então, o que é contemplar uma obra de arte hoje?”

Ficamos sem saber como pensar e como agir diante dessas questões, que são nossas também. Os conceitos e pressupostos que utilizávamos para compreender a arte até então já não servem mais. Como falar dessa arte para nossos alunos? Não é possível pensar o mundo e a arte como antes. Uma nova forma de ver a arte se institui: o estranhamento. A arte já não é mais o espaço de contemplação, mas um espaço de questionamento. Estamos em um espaço de sombras, de dúvidas, de obscuridade... Fica cada vez mais difícil de ver, de entender... A arte não revela, esconde. Não reponde, pergunta. Estamos na arte contemporânea no espaço do (in)visível, do que está oculto, da negação, do ruído... só nos resta procurar as pistas, as nuances, as possibilidades...Trazendo para da literatura, diria que estamos no território das reticências... Estaríamos, segundo a autora, na arte contemporânea, diante de uma impossibilidade de leitura, que nos propõe uma outra forma de experenciar a arte:

“(...)A arte nos ensina porque nos coloca frente a um ensinamento “outro”, de outro “modo de ser”, diante de uma experiência com o que nos ultrapassa, do infinito, em que o ser do objeto se nega a vir à luz, e, ao negar-se, leva-nos ao encontro do seu “ruído”, dos vestígios que o ser da obra marca, essa riqueza inominável do que é ser arte na contemporaneidade.”



Nesse contexto, o arte-educador mudaria também seu papel tradicional e passaria a ser mais um auxiliar de seus alunos na percepção dos “ruídos” da arte contemporânea, de outros caminhos possíveis, de “uma arte que é essencialmente ‘um absolutamente outro’, por apresentar algo muito além do que damos conta de ‘dizer’.” Trata-se de uma mudança radical e nada fácil. Mudar hábitos arraigados pelo tempo e pela tradição nunca é simples. Não sei se estamos suficientemente preparados para abandonar nossos conceitos. Não sei nem se seria o caso de abandoná-los. A arte contemporânea não permite mais que a interpretemos através dos conceitos antigos. A arte contemporânea não explica mais o mundo, mas o problematiza, questiona, nos desafia, nos traz mais dúvidas do que certezas, e está seria a grande aprendizagem da arte contemporânea, a possibilidade de estarmos diante de um “abismo”.
Referências:

Koneski, Anita Prado. A Estranha Fala da Arte Contemporânea e o Ensino da Arte. Disponível em

http://ppgav.ceart.udesc.br/revista/edicoes/1ensino_de_arte/4_palindromo_anita.pdf
















O Ensino de Artes Hoje

  O ensino de artes hoje nos apresenta muito mais perguntas do que respostas. A arte contemporânea apresenta uma crise de leitura para os professores, espectadores e para o próprio crítico de arte. Perguntas problemáticas  como: o que é a arte hoje? Como ler a arte? Para que serve a arte? Exigem um posicionamento do ensino de artes nas escolas, direcionado ao aluno que está em contato com a arte problematizada, ou seja, a arte contemporânea, a qual está nas ruas, Bienais, etc. O ensino de artes visuais possibilita ao educador utilizar diversos caminhos para ajudar seus alunos na compreensão desta arte que impõe pensamentos "outros" diante da crise de interpretação que vivemos. É necessário que os professores de artes visuais reflitam sobre um outro modo de ser, sem esperar resultados, pois a arte de hoje provoca-nos um estranhamento e estamos presos pela hereditariedade da tradição a pensar e ler a arte de modo obsoleto. A  arte visual de hoje questiona a si própria e não dá respostas, mas cria metáforas e transgredi tabus, enriquecendo nossas vidas e apresentando muito mais perguntas do que respostas. O professor de artes visuais não deve dar respostas prontas à seus alunos, mas ajuda-los a perceber a riqueza que esta arte proporciona, sem a preocupação de estar dentro dos moldes tradicionais, reduzindo a arte a um formalismo. Precisamos nos desapegar dos velhos hábitos de procurar as respostas certas para tudo e  apreciar o que a arte de hoje nos oferece, que não é mais a explicação do mundo, mas sim sua problematização.

domingo, 15 de maio de 2011

Desenhos de Ibere Camargo

Estes são alguns desenhos feitos por Iberê Camargo que estão em exposição " A Linha Incontornável" na Fundação iberê Camargo em Porto Alegre.












  Sabemos que a escola é uma instituição social que deve promover situações de aprendizagens que permanecem por toda a vida.Tem-se muito a visão de que o mais importante é trabalhar conteúdos escolares, esquecendo-se da formação humana, dos valores morais que um sujeito deve ter, das questões de cidadania. Hoje em dia fala-se muito em interdisciplinaridade, a forma de se juntar diferentes conteúdos em um único projeto educativo. Os passeios são formas de se ajustar as necessidades da educação.
  Para se fazer uma visita a um museu é interessante haver relação entre o conteúdo de história, artes, ciências, e até mesmo da própria matemática. O importante é a escola se estruturar, não fazendo apenas mais um passeio, mas dando especificidade ao mesmo, através de uma proposta pedagógica que vise a integração do trabalho pedagógico à experiência concreta, vivida. Levar essas discussões para a sala de aula é uma forma de conscientizar os alunos do processo educativo que estarão sujeitos, dando um direcionamento para os mesmos do trabalho que será desenvolvido, bem como dos objetivos a serem alcançados.
  Os alunos devem participar das discussões, levantar as primeiras pesquisas, montar cartazes sobre os temas, fazerem uma prévia de conhecimentos sobre o projeto, a fim de orientá-los, prepará-los para o passeio e aguçar a curiosidade sobre o assunto. Dessa forma, não chegam ao local sem terem a mínima noção do que poderão aproveitar, conhecer e aprender.
  É importante conversar sobre a veracidade dos documentos e obras ali existentes, as principais formas de preservação desses materiais, da integridade física dos mesmos, do seu papel social com a comunidade, propondo a investigação, aguçando a curiosidade, conseguindo manter uma comunicação verdadeira acerca de um museu.




  Nosso grupo da EJA da E.M.E.F. Zaira Hauschild de São Leopoldo visitou no dia 12 de maio de 2011 a Fundação Iberê Camargo localizada na cidade de Porto Alegre. Foi um passeio de estudos, onde aliamos descontração e aprendizado. Tivemos a oportunidade de ver desenhos de Iberê Camargo, além de quadros seus. Também apreciamos a exposição "Mil e Um Dias e Outros Enigmas" de Regina Silveira. Nosso próximo passo será trocar as impressões obtidas nesta visita. Discutiremos também os aspectos que os alunos consideraram positivos, os negativos e qual aprendizado foi construído com a visita.