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sábado, 16 de julho de 2011

Panorama Mundial da Arte nos anos 60

No panorama mundial das artes plásticas, a passagem dos anos 50 para a década de 60 evidenciou-se pelo retorno à figura e pelo abandono dos abstracionismos – lítico, geométrico e informalismo - vertentes caracterizadoras das vanguardas do pós-guerra e da década subseqüente. Sem dúvida, um grande foco de vitalidade artística mundial nesse momento foi a retomada da figuração em seus diferentes encaminhamentos.
No quadro político, a década de 60 se abria sob a euforia do desenvolvimentismo do presidente Juscelino Kubitschek. Os primeiros anos foram de efervescência populista com os governos Quadros e Goulart, atalhada pela instauração do regime militar em 1964, acontecimento que levou vários artistas a sintonizar seu fazer artístico com os anseios de resistência civil, ligando-o cada vez mais com a realidade do país..
IMAGENS MARCANTES:
No panorama de facetas múltiplas que foi o do contexto histórico-artístico desse período, destacou-se como contraponto à visão e à sensibilidade européias a forte presença da Pop Art, de origem inglesa, mas polarizada e difundida pelos norte-americanos, a partir de 1962, como uma “tela de fundo” poderosa à qual se remetiam como ressonâncias a maioria das manifestações figurativas e realistas dessa época.

Influência da POP ART
A Pop Art foi a tendência mais decisiva no quadro das vertentes representativas da década de 1960. No nível da linguagem sua contribuição foi muito ampla, introduzindo técnicas e mitologias da imagem popular captadas no amplo repertório de imagens corriqueiras relacionadas a televisão, publicidade, história em quadrinhos, fotonovelas, jornais – um repertório icônico extremamente rico da cultura de massa suburbana e industrial, apropriado do horizonte cotidiano da sociedade de consumo. Sem manifestos e programas, a Pop Art se internacionalizou rapidamente, infiltrando-se na problemática da representação icônica e de sua comunicação.

No Brasil, sugestões da arte pop foram trabalhadas na década de 1960 por Antonio Dias (1944) - Querida, Você Está Bem?, 1964, Nota Sobre a Morte Imprevista, 1965, e Mamãe, Quebrei o Vidro, 1967 -, Rubens Gerchman (1942 - 2008) - Não Há Vagas, 1965, e O Rei do Mau Gosto, 1966 -, Claudio Tozzi (1944) - Eu Bebo Chop, Ela Pensa em Casamento, 1968, entre outros.


 
  
Tozzi, Claudio Usa e Abusa , 1966
tinta em massa e acrílica sobre madeira
33 x 52cm




As tendências neofigurativas presentes no panorama internacional ao longo da década de 1960 aportam no país, por meio de exposições da nouvelle figuration francesa e da otra figuración argentina, entre 1961 e 1966. Dentre elas, a coletiva da Escola de Paris, 1964, na Galeria Relevo, de propriedade de Franco e Boghici, marca o estabelecimento de relações mais estreitas e sistemáticas entre as vanguardas francesa e brasileira, que vão encontrar o seu ponto alto na mostra Opinião 65.
A Arte Brasileira nos anos 60
Na década de 1960, os artistas defendem uma arte popular (pop) que se comunique diretamente com o público por meio de signos e símbolos retirados do imaginário que cerca a cultura de massa e a vida cotidiana. A defesa do popular traduz uma atitude artística contrária ao hermetismo da arte moderna. Nesse sentido, a arte pop se coloca na cena artística que tem lugar em fins da década de 1950 como um dos movimentos que recusam a separação arte/vida.


“A pintura pretendia ser independente, polêmica, inventiva, denunciadora, crítica, social, moral. Ela se inspira tanto na natureza urbana imediata como na própria vida com seu culto diário de mitos". Com essas palavras, a marchand e jornalista Ceres Franco anuncia a exposição Opinião 65, organizada por ela e pelo galerista Jean Boghici.


Integrando as comemorações do IV Centenário da cidade do Rio de Janeiro, a mostra ocupa o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ, entre 12 de agosto e 12 de setembro de 1965, e reune vinte e nove artistas, treze europeus e dezesseis brasileiros.


Lee, Wesley Duke A Zona , 1965 acrílica e óleo sobre tela 130 x 97 cm Coleção Particular Reprodução fotográfica Romulo Fialdini

A idéia central dos organizadores é estabelecer um contraponto entre a produção nacional e estrangeira - de modo a avaliar o grau de atualização da arte brasileira - a partir das pesquisas recentes em torno das novas figurações.

OBRAS MARCANTES
Se tomarmos o caso brasileiro e, dentro dele, três artistas, serão demarcados pontos notáveis dessa passagem que ainda se processa. São eles Hélio Oiticica, Nelson Leirner e Cildo Meireles. Por mais distantes que aparentem ser - e o são -, Oiticica, com seus Parangolés (fim da década de 1960), e Leirner, com seu O Porco (1966), propõem duas possibilidades para a arte, fora dos parâmetros das modalidades artísticas tradicionais.
                                       
Hélio Oiticica, Parangolé







Nelson Leirner. O porco. 1966. Porco empalhado com engradado de madeira. 83 x 159 x 62 cm.
nouvelle figuration
Cunhado pelo crítico Michel Ragon, em 1961, o termo nouvelle figuration visa designar o retorno à figuração, na qual se observa o tratamento livre da figura, fora dos moldes realistas e descritivos tradicionais, a partir de lições retiradas do informalismo, do expressionismo abstrato e da arte pop.

O impacto das novas linguagens figurativas na arte nacional é imediato, sobretudo em artistas cariocas, como Antonio Dias (1944), Carlos Vergara (1941), Rubens Gerchman (1942 - 2008), Roberto Magalhães (1940), Ivan Freitas (1932) e Adriano de Aquino (1946), participantes de Opinião 65.
A exposição abriga estilos e tendências variadas, aproximadas pela retomada da imagem figurativa.


Gerchman, Rubens
O Futebol, Flamengo Campeão , 1965
tinta acrílica sobre eucatex
244 x 122 cm
Coleção Bruno Musatti
Reprodução fotográfica autoria desconhecida

Marcos Históricos
1965 - Opinião 65

A figuração abrange a maior parte dos trabalhos apresentados, mas não dá conta da diversidade de linhas e trabalhos presentes na mostra. As obras de Carlos Vergara, por exemplo, permitem entrever um forte tom expressionista, aprendido nas aulas com Iberê Camargo.  


Vergara, Carlos Sonhos dos 24 Anos , 1966 óleo sobre hardboard

Os trabalhos de Flávio Império (1935 - 1985), assim como os Parangolés de Hélio Oiticica (1937 - 1980), também destoam do conjunto, pelo uso de linguagens próximas da coreografia e da arte ambiental.
Império, Flávio
Vinde a Nós , 1965
alto-relevo em gesso e tinta a óleo com moldura e base em chapa de ferro
52,5 x 40 cm
Coleção Amélia Império Hamburger
Reprodução fotográfica autoria desconhecida



                                       Hélio Oiticica veste o seu Parangolé
O "parangolé" é um exemplo maravilhoso dos fundamentos da interatividade. Oiticica quer a intervenção física na obra de arte e não apenas a contemplação separada proposição.  
O indivíduo veste o parangolé. Que pode ser uma capa feita com camadas de panos coloridos que se revelam à medida que ele se movimenta correndo ou dançando. Oiticica convida a participação do tempo da criação de sua obra. A obra requer "completação" e não simplesmente contemplação. Esta concepção de arte, ou "antiarte", como preferia Oiticica, sugere a aprendizagem na mesma perspectiva da
co-autoria. Que caracteriza o parangolé.
Ceres Franco afirma vinte anos depois: "Opinião 65 teve representantes de todas as tendências, mas a imagem figurativa pintada era o que dominava então". Integram a mostra obras do inglês Wright Royston Adzak (1927); dos argentinos Antonio Berni e Jack Vanarsky; dos espanhóis Manuel Calvo (1934) e José Paredes Jardiel; dos franceses Gérard Tisserand (1934) e Alain Jacquet (1939); entre muitos outros. Dentre os brasileiros, além dos já citados, estão presentes Pedro Escosteguy (1916 - 1989), Waldemar Cordeiro (1925 - 1973), Ivan Serpa (1923 - 1973), José Roberto Aguilar (1941) e Adriano de Aquino (1946).
O impacto de Opinião 65 pode ser aferido pela recepção crítica da época (por exemplo, os textos elogiosos que Ferreira Gullar (1930) e Mário Pedrosa (1900 - 1981) escrevem sobre ela, respectivamente, nos Cadernos da Civilização Brasileira, n. 4, 1965, e no Jornal do Comércio, 1966) e por outras exposições subseqüentes, consideradas seus desdobramentos diretos: Opinião 66 (Rio de Janeiro), Propostas 66 (São Paulo), Vanguarda Brasileira (Belo Horizonte, 1966), além da coletiva Nova Objetividade Brasileira (Rio de Janeiro, 1967).
Grupo Rex        

Histórico Apesar de sua breve existência - de junho de 1966 a maio de 1967 -, o Grupo Rex tem intensa atuação na cidade de São Paulo, marcada pela irreverência, humor e crítica ao sistema de arte. Os mentores da cooperativa, Wesley Duke Lee (1931-2010), Geraldo de Barros (1923-1998) e Nelson Leirner (1932) projetam um local de exposições - a Rex Gallery & Sons - além de um periódico - o Rex Time - que deveriam funcionar como espaços alternativos às galerias, museus e publicações existentes.
Mentores do Grupo Rex
À origem desta cooperativa artística paulista relaciona-se ao episódio em que Wesley Duke Lee, Nelson Leirner e Geraldo de Barros retiraram suas obras da exposição coletiva Propostas 65, em protesto e em solidariedade ao artista Décio Bar que teve alguns de seus trabalhos censuradas pelo regime militar. Teria sido justamente após este incidente, que estes artistas decidiram não apenas formar um grupo, mas abrir uma galeria e publicar um jornal, como ‘frentes de luta’, para questionar e combater a mistificação da arte e o circuito se formava em torno dela: galerias, marchands, críticos, mídia.

Exposições, palestras, happenings, projeções de filmes e edições de monografias são algumas das atividades do grupo, do qual participam também José Resende (1945), Carlos Fajardo (1941) e Frederico Nasser (1945), alunos de Wesley. Instruir e divertir são os lemas do Grupo Rex e do seu jornal; trata-se de interferir no debate artístico da época, em tom irônico e desabusado, por meio de atuações anticonvencionais. Guerra ao mercado de arte, à crítica dominante nos jornais, aos museus, às Bienais e ao próprio objeto artístico, reduzido, segundo eles, à condição de mercadoria. Recuperar o espírito crítico e o caráter de intervenção da arte pela superação dos gêneros tradicionais e pela íntima articulação arte e vida, eis os princípios centrais do grupo. É possível flagrar na experiência do Grupo Rex, a inspiração no espírito contestador do dadaísmo e em suas manifestações pautadas pelo desejo do choque e do escândalo. Nota-se também a retomada do feitio interdisciplinar e plural do Fluxus, além das marcas evidentes da arte pop na linguagem visual do grupo.



 Na confluência de vários projetos de vanguarda, situa-se a Nova Objetividade Brasileira, uma neovanguarda que erigiu – como proposta de uma arte comprometida com uma produção cultural de militância política – uma complexa articulação de modernidade, de renovação artística tributária do internacionalismo das artes e ao mesmo tempo imbricada com um pensamento político, uma criatividade mais autêntica e original, no sentido de se situar ante parâmetros atuais da realidade nacional e de dar continuidade ao amplo movimento didático conscientizador iniciado pelos CPC’s.


Fontes e referências:
http://www.blogger.com/goog_123570041



http://www.blogger.com/goog_123570041


http://www.blogger.com/goog_123570041


http://www.blogger.com/goog_123570041


http://www.blogger.com/goog_123570041


http://www.macvirtual.usp.br/mac/templates/projetos/seculoxx/index.html



Relatório de Observação do Ensino de Artes no Ensino Fundamental

Relatório de Observação do Ensino de Artes no Ensino Fundamental


1. Identificação do nível de ensino e características gerais da turma:
Esta observação foi feita em uma escola municipal de ensino fundamental na zona urbana de São Leopoldo, considerada uma área nobre da cidade. A escola atende atualmente 320 alunos entre a educação infantil e o 6º ano, divididos nos turnos manhã e tarde. A turma observada foi um 3º ano do turno da manhã que tem como características ser uma turma com algumas crianças com necessidades especiais, incluindo um aluno com a Síndrome de Asperger, uma aluna com TDA-H e outros casos como problemas de comportamento. A turma é constituída por 21 alunos dos quais a maioria estuda nesta escola desde o 1º ano, não sendo considerada uma turma homogênea em relação a aprendizagem, pois alguns alunos possuem bastante dificuldades de aprendizagem.

2. Aspectos relativos à formação e atuação do/a professor/a (sem citar nome):
A professora tem formação em Pedagogia e atua no magistério há 19 anos, sempre lecionando para as séries iniciais. Seu trabalho tem como base os valores morais, a socialização do aluno e o desenvolvimento de habilidades como desenho, pintura, recorte e colagem principalmente. Conhece bem os alunos e as dificuldades de cada um. É o segundo ano
que atua como professora de artes, em anos anteriores tinha regência de turma.

3. Caracterização do espaço de trabalho e recursos disponíveis:
A sala de aula tem um tamanho adequado á quantidade de alunos da turma, sendo bem iluminada e arejada. Possui cortinas nas janelas e está sendo instalado um ar condicionado por ser uma sala muito quente durante o verão. As crianças dispõem de diversos recursos materiais na própria sala de aula. Há cartazes nas paredes da sala como o de ajudante do dia, aniversariantes, alfabeto ilustrado, varal para pendurar os trabalhos, um computador, estante com livros didáticos, revistas para recortar, brinquedos, armário com materiais da professora e outros de uso da turma. A aula de artes é dada uma vez por semana e tem a duração de duas horas.

4. Observação da situação de ensino-aprendizagem:
A professora escreveu no quadro verde o roteiro da aula para que os
alunos copiassem.
Primeiro os alunos terminaram o trabalho da aula anterior. A seguir foi contada a história sobre um tigre que vivia debochando dos outros animais da floresta. As palavras da história que as crianças não sabiam o significado a professora explicava. Durante a leitura a professora conversava com as crianças a respeito das atitudes do personagem. Os alunos começaram a relacionar a história com acontecimentos de suas vidas e a relatá-los aos colegas. Foi discutido o relacionamento e o respeito entre as pessoas. Ao término da história a professora discutiu com as crianças sobre o comportamento do personagem e explicou como seria o desenvolvimento da atividade: disse que deveriam pintar o desenho do tigre bem forte e caprichado, recortando em seguida e montando o tigre. Mostrou um trabalho pronto feito por ela e demonstrou como recortar a parte do trabalho que é uma espiral. Distribuiu as folhas com os desenhos mimeografados para os alunos começarem o trabalho.
Houve um planejamento prévio desta aula por parte da professora, mas para mim não ficaram claros os objetivos desta atividade. Seriam eles somente pintar o desenho dentro dos limites, recortá-lo e montá-lo? Aparentemente sim. Não percebi novas construções de conhecimento por parte dos alunos, já que as habilidades aqui desenvolvidas já lhes são corriqueiras, como pintar, recortar e colar. A criatividade também ficou tolhida, pois quase todos alunos pintaram o desenho com as mesmas cores e da mesma maneira, conforme o modelo mostrado pela professora.
A avaliação é feita pela professora no decorrer da aula levando em consideração a participação do aluno e o capricho com o material utilizado.
Exemplo do trabalho feito pela professora e mostrado para a turma.
Texto Reflexivo:
Com base nas reflexões teóricas lidas esta aula não desenvolveu o construtivismo crítico, pois não levantou questões sobre alguma ideia-chave nem tão pouco propôs questões sobre alguma representação visual produzida em outro tempo e lugar. Piaget coloca que o conhecimento emerge da relação dialética do sujeito com o objeto, e que no caso da Arte e seu ensino é
necessário levantar questões sobre os temas, ideias-chave, como a mudança, a identidade, a representação de fenômenos sociais e indagar como essas concepções afetam cada um. A meu ver não houve o ensino da interpretação nesta proposta de aula, não adquiriram novos conhecimentos e também não desenvolveram novas habilidades. A criatividade não teve espaço, pois todas crianças pintaram o mesmo desenho utilizando o mesmo material. Além disso, a sala também mostra imagens estereotipadas, como o palhaço e a borboleta dos cartazes que aparecem nas fotos acima. Notei que a professora tem como hábito dar os modelos prontos aos alunos, não proporcionando a criação, nem desenvolvendo a observação. Infelizmente esta prática é muito comum nas escolas porque torna a aula mais “silenciosa”, “sem bagunça” e “sem sujeira”.
Faltam imagens visuais de qualidade não só na sala de aula como também no restante da escola, além da professora precisar se desacomodar, criando aulas que desenvolvam nos alunos novas experiências e aprendizagens.